Vice-presidente da CBF questiona validade de acordo que confirmou eleição de Ednaldo Rodrigues após laudo apontar falsificação de assinatura

A disputa política envolvendo a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhou novos contornos nesta quarta-feira (7), após o vice-presidente da entidade, Fernando Sarney, solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação do acordo que validou a eleição de Ednaldo Rodrigues em 2022. O pedido, anexado à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7580), baseia-se em um laudo pericial que aponta suposta falsificação na assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, um dos signatários do documento que encerrou disputas judiciais sobre a eleição de Ednaldo.

Sarney, que originalmente integrava o grupo que endossou o acordo de janeiro de 2025 para consolidar o mandato de Ednaldo, argumenta que o documento é inválido devido a uma “simulação de negócio jurídico”. A petição, assinada pelos advogados Daniel de Faria Jerônimo Leite e Luis Eduardo Franco Bouéres, pede a suspensão imediata dos efeitos do acordo, a revisão de decisões cautelares e a apuração pelo Ministério Público (MP) das irregularidades alegadas. O ministro Gilmar Mendes, relator do caso, deve analisar o pedido.

Novas evidências e questionamentos sobre saúde cognitiva
O documento apresentado por Sarney inclui alegações de que Nunes de Lima, signatário do acordo, não teria condições cognitivas plenas para validar o ato. Um laudo médico de junho de 2023, assinado pelo Dr. Jorge Pagura, atesta um “déficit cognitivo” em Nunes, corroborado por uma procuração pública que autorizou terceiros a gerenciar suas finanças. O texto destaca que o documento foi redigido em sua residência, já que ele não podia comparecer a cartórios.

“Essas provas demonstram a fragilidade da saúde de Nunes de Lima, levantando dúvidas sobre sua capacidade de participar de decisões institucionais complexas”, afirma a petição.

Crise política e racha interno na CBF
A iniciativa de Sarney amplia a pressão sobre Ednaldo Rodrigues, expondo uma ruptura interna na entidade. Sarney, que integrava a chapa eleitoral de Ednaldo em 2022, foi removido sem aviso prévio de comitês da FIFA e da CONMEBOL em março de 2023, gerando desgaste. Agora, com trânsito político em Brasília, ele mobiliza cartolas descontentes com a gestão atual, ameaçando a estabilidade de Ednaldo.

O acordo questionado, homologado pelo STF em janeiro de 2024, devolveu Ednaldo ao cargo após intervenções judiciais, mas sua validade está sob risco devido à retomada do julgamento da ADI 7580 em 28 de maio. A ação não discute apenas a eleição, mas também a legitimidade do MP para firmar Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) com entidades esportivas.

Posicionamento da CBF
Em nota oficial, a CBF negou irregularidades e afirmou que “todos os atos foram conduzidos com transparência e legalidade”. A entidade criticou a “espetacularização midiática” do caso e destacou que o acordo permanece válido, aguardando conclusão do julgamento no STF.

Próximos passos
Enquanto Ednaldo aguarda decisões do STF, o cenário político na CBF segue instável. A combinação de questionamentos jurídicos, evidências de suposta fraude e descontentamento interno coloca em xeque a continuidade de seu mandato, em um caso que mistura direito, política e a complexa governança do futebol brasileiro.

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